quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vai com Deus, DRM...


Durante a MacWorld 2009 que está rolando até o dia 09 de Janeiro em São Francisco (Califórnia) fatos, fotos, lançamentos e curiosidades colocam a Apple como tema do dia para geeks.
Desde a "não-presença" do Steve Jobs na abertura do evento (por conta de seu debilitado estado de saúde), somado a declarações que esta será a última participação oficial da corporação nas futuras edições do evento (coisa mais sem sentido que pode haver), na tarde desta Terça (06 de Janeiro) foram anunciadas algumas mudanças na plataforma do iTunes...

O destaque foi a tão falada venda de arquivos sem DRM (um clamor de muito tempo dos consumidores e um pedido insistente do Steve Jobs). Também foi comunicado que usuários dos modelos mais novos do iPhone agora poderão comprar faixas diretamente do iTunes usando a rede 3G de seus aparelhos (mas calma, sem cartão de crédito internacional com endereço nos Estados Unidos, ou cartões pré-pagos deles, a coisa não funciona aqui). Antes portadores de iPhones só podiam comprar no iTunes usando redes wi-fi ou via computador.

Novos preços
No dia 1º de Abril, haverão novas categorias de preços para venda dos singles (efetivas para os Estados Unidos), que vão ser sub-divididos em USD$ 0,69; USD$ 0,99 (antigo preço padrão único) e USD$ 1,29. Segundo declaração do Steve Jobs, "como grande parte do acervo do iTunes é de títulos de catálogo - os não-lançamentos - a tendência é que haja muito mais oferta de títulos vendidos a USD$0,69 do que faixas vendidas a USD$1,29...".

Presença no mercado americano
Outro dia falamos que as vendas digitais, feitas por sites pelo iTunes, cresceram 27% nos Estados Unidos, e pela primeira vez ultrapassaram a marca de 1 bilhão de unidades, com 1,07 bilhão de unidades vendidas. Este é o lado do business que aponta para o futuro do mercado. Isto claramente é uma demostração do peso do iTunes.

O que você tem a ver com o fim do tal DRM?
Caso você tenha um iPhone, iPod ou não, a decisão conjunta da Apple e das gravadoras de encerrrar as vendas com DRM dá fim a uma postura que só era enxergada positiva por alguns executivos da indústria fonográfica, míopes a ponto de achar que era possível "conter" a pirataria e troca de arquivos usando o gerenciador. Isto era péssimo para o consumidor que decidisse comprar uma música oficialmente e decidisse por exemplo trocar de aparelho (fosse ele, iPhone, iPod, celular ou qualquer MP3 player), afinal ele não poderia transportar o arquivo comprado (e pago), para outro de sua propriedade. E se você fosse roubado? Se perdesse seu aparelho? Teria de re-comprar a Música? Até então, sim (se não quisesse passar por um processo burocrático). Agora, com o arquivo comprado oficialmente e sem DRM, você vai poder salvá-lo em seu computador e ter um backup.
A situação é tão bizarra graças a isto, que lojas digitais do Brasil (quando vendem arquivos para donos de iPods) se vêem "obrigadas" a ensinar que o consumidor faça uma cópia em CD do arquivo comprado e depois façam a tal conversão para o padrão usado no iPod (o AAC). Só esta operação de "ensinar" já transgride a chamada proteção do arquivo "contra cópias". Desdobramentos como este (e são muitos, acredite), ficam para a posteridade. A tendência é que as lojas digitais brasileiras pressionem as gravadoras para dar fim ao DRM por aqui o mais rapidamente possível.

O que isto muda aqui?
Em meados de 2008 falou-se bastante na chegada da iTunes Music Store no Brasil (somado ao fato da bem sucedida venda de iPods e agora iPhones), mas até agora pouco se viu de fatos concretos. Certamente uma boa batalha com as gravadoras daqui, em torno de uma política de preço que seja sedutora para o consumidor está por vir (já que em nosso país, quem tem grana para comprar música digital oficial, tem banda larga e está careca de baixar arquivos sem pagar nada). Com o preço médio praticado no mercado que temos, infelizmente a compra legal seduz pouco ou quase nada às pessoas.

Não sou defensor de monopólios, não trabalho para a Apple, acredito que as pessoas têm direito a comprar o player que bem entendam, mas penso que o então iPod (hoje sendo paulatinamente substituido pelo iPhone) tem a plataforma integradora (senão a mais completa), mais simples para um consumidor "normal" que não queira ser um geek. Que faz com que operações possam ser concluídas de forma lógica e com poucos cliques. Esta mentalidade lógica desenvolvida e usada exaustivamente pela Apple é que tem de ser tomada por exemplo.

Caso não haja uma visão estratégica simples, um garoto de 14 anos continuará incentivado a baixar músicas ilegalmente, afinal ele provavelmente não terá um CPF e/ou não será dono de um cartão de crédito. Venda de Música Digital no Brasil de hoje, é assunto para maiores de 18 anos. Ou democratizamos isto para uma forma simples, ou estaremos fadados a continuar assistindo a um tombo maior da Indústria da Música que faz a trilha sonora da vida de todos nós.

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